quinta-feira, 7 de maio de 2015

O PRESBITERIANISMO E OS SÍMBOLOS DE FÉ

O PRESBITERIANISMO E OS SÍMBOLOS DE FÉ.[1]
Professor: João Ricardo Ferreira de França.[2]

INTRODUÇÃO:
Temos vivido um tempo em que a verdade perdeu sentido; a relativização da verdade tornou-se algo patente em nossos dias; vivemos em um mundo que não quer mais limites, não deseja base para sustentar-se. E, infelizmente, as nossas igrejas estão indo pelo mesmo caminho. Precisamos resgatar a identidade confessional em nossas igrejas. Alguém poderia perguntar se há alguma utilidade no uso de credo e confissões na igreja? Esta pergunta advém de uma concepção totalmente pluralista e anti-confessional conforme percebemos em nossa época. Por que estamos vivendo tal crise dentro de nossa Igreja?
Porque vivemos num tempo de alta indefinição teológica um tempo onde vale a privatização das convicções. Isto quer dizer que muitas pessoas não tem compromisso com alguma coisa escrita à qual elas prestam lealdade. As pessoas querem ter as suas próprias convicções pessoais, sem darem qualquer atenção ao que foi escrito no passado pelos nossos Pais na Fé.[3]

Este é um perigo enfrentado pelas igrejas que possuem uma confissão de Fé. Pois, esta ‘indefinição’ ,conforme nos alerta o professor Heber Carlos de Campos, tem entrado dentro de nossa Igreja e minado a autoridade do sistema confessional da Igreja. Ano após ano candidatos ao Sagrado Ministério da Palavra se enfileiram nas reuniões conciliares do nossos presbitérios (denominação Presbiteriana) e juram fidelidade aos Símbolos de Fé de nossa Igreja Presbiteriana do Brasil; todavia, eles quebram o juramento adotando práticas e doutrinas contrárias aos Símbolos de Fé que juraram ensinar e praticar.
O professor Ulisses S. Horta nos lembra que um “significativo número de oficiais, especialmente pastores, assume o compromisso subscricional da ordenação portando escrúpulos quanto ao conteúdo de sua confissão”. Ele continua nos informando que:
Tais escrúpulos podem ocorrer por várias razões: desconhecimento, superficialidade, mas também por nutrição deliberada de uma convicção divergente do padrão de fé denominacional. Outro caso que incorre em dificuldade semelhante é a mudança de opinião posterior à ordenação. Nestas circunstâncias, a reserva pessoal quanto ao símbolo de fé pode vir a ser cultivada silenciosa ou abertamente. Os resultados de tal reserva serão, em ambos os casos, danosos ao desempenho do ofício, ao ministério, e à própria igreja.[4]

Esta tem sido a nossa real problemática em nossos dias. Dado a esta questão surge a necessidade deste trabalho, pois, buscamos apresentar a importância dos credos e confissões para a vida da Igreja de Cristo em nosso tempo tão conturbado.

I – A SUBSCRIÇÃO CREDAL E CONFESSIONAL NO ANTIGO E NOVO TESTAMENTO.
A nossa jornada nesta perspectiva deve-se iniciar com a revelação veterotestamentária. A problemática que se busca resolver é a seguinte: Será que existe alguma formulação credal no Antigo e Novo Testamentos? Havia alguma afirmação confessional na igreja vetero e neotestamentária? Esta pergunta é basilar para o entendimento adequado deste assunto. Pois, quando se apresenta objeções logo apela-se às Escrituras dizendo não haver nelas nenhuma formulação confessional. Este pensamento revela a profunda disposição em negar a importância e relevância dos credos e confissões na vida da Igreja de Cristo Jesus.

1. 1 – A Subscrição Confessional no Antigo Testamento.

No Antigo Testamento é encontra o chamado “Shemá” conforme lemos em Dt. 6.4-9:
4 Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR. 5 Amarás, pois, o SENHOR teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças. 6 E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; 7 E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. 8 Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos. 9 E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas.
O verbo ouvir que está no imperativo no hebraico é “[m;Þv.”-shemá –e tem o sentido de prestar atenção, significa ouvir, mas não é um mero escutar “envolve a idéia de ouvir com atenção”.[5] O texto citado acima era o primeiro a ser lido de um conjunto de leituras confessionais que carregavam a mesma tônica.
O texto de Deuteronômio tinha por objetivo apresentar as seguintes verdades:
a) Que existe apenas um Deus
b) Que este Deus merece ser amado com todo o ser
c) Que estas verdades deveriam perpetuar nas gerações posteriores.
Há também outros dois textos que nos mostram que havia um credo na Igreja veterotestamentária no ato de culto. São eles: Dt.11.13-21 e Nm 15.37-41.
O primeiro texto diz:
13 E será que, se diligentemente obedecerdes a meus mandamentos que hoje vos ordeno, de amar ao SENHOR vosso Deus, e de o servir de todo o vosso coração e de toda a vossa alma, 14 Então darei a chuva da vossa terra a seu tempo, a temporã e a serôdia, para que recolhais o vosso grão, e o vosso mosto e o vosso azeite. 15 E darei erva no teu campo aos teus animais, e comerás, e fartar-te-ás. 16 Guardai-vos, que o vosso coração não se engane, e vos desvieis, e sirvais a outros deuses, e vos inclineis perante eles; 17 E a ira do SENHOR se acenda contra vós, e feche ele os céus, e não haja água, e a terra não dê o seu fruto, e cedo pereçais da boa terra que o SENHOR vos dá. 18 Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontais entre os vossos olhos. 19 E ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te; 20 E escreve-as nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas; 21 Para que se multipliquem os vossos dias e os dias de vossos filhos na terra que o SENHOR jurou a vossos pais dar-lhes, como os dias dos céus sobre a terra.

Aqui nós temos o desenvolvimento mais elaborado do shemá em sua aplicação ao povo da aliança indicando que a confissão de fé deve produzir resultados práticos; estes resultados são evidentes, pois, nasce tudo de uma obediência aos mandamentos de Yhaweh, o Deus pactual. Nesta confissão estão inseridas as crenças necessárias à existência do povo da aliança; e não apenas isso, mas incluem-se uma metodologia de pedagogia na qual tal ensino confessional pode ser transmitido, tendo a família como alvo desta transmissão.O outro texto que temos é Números 15.37-41:
37 E falou o SENHOR a Moisés, dizendo: 38 Fala aos filhos de Israel, e dize-lhes: Que nas bordas das suas vestes façam franjas pelas suas gerações; e nas franjas das bordas ponham um cordão de azul. 39 E as franjas vos serão para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos do SENHOR, e os cumprais; e não seguireis o vosso coração, nem após os vossos olhos, pelos quais andais vos prostituindo. 40 Para que vos lembreis de todos os meus mandamentos, e os cumprais, e santos sejais a vosso Deus. 41 Eu sou o SENHOR vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para ser vosso Deus. Eu sou o SENHOR vosso Deus.

Diante destes textos nós podemos confirmar que a confissão de fé fazia parte da vida litúrgica do povo pactual. Este “Shemá” era o credo do povo, somos informados que o “shemá era repetido três vezes ao dia”[6] pelo povo do pacto; também somos cientes de que este credo judeu era usado liturgicamente na sinagoga[7]

1.2 - A Subscrição Confessional no Novo Testamento.

No Novo Testamento o conceito de confessionalidade é mais presente e bem definido. Isto significa que a Igreja sempre elaborou o seu conjunto de doutrinas a partir da revelação de Deus.No texto neotestamentário lidamos com um grande material que trata da existência de um grupo de verdades a serem cridas e obedecidas.
Estas verdades são conhecidas como “Tradições” que no grego é “paradosis”, este vocábulo significa “transmitir”, “entregar”, “tradição”. A palavra é formada de uma proposição grega “Para” que indica “junto a”, “ao lado de” mais o verbo “didomi” que de acordo com ocontexto tem uma gama de significados “dar”, “trazer”, “conceder”, “causar”, “colocar”. Este conceito é percebido pelos texto bíblicos de 2 Ts. 2.15: “Assim, pois, irmãos, permanecei firmes e guardai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.”.
Este aspecto confessional consistia, no Novo Testamento, na transmissão dos ensinos de Cristo e dos apóstolos por meio dos sermões e escritos (cartas), sendo orientações quanto ao comportamento. Todavia, toda tradição que entrava em choque com a Palavra de Deus deveria ser rejeitada.[8]
Diante disso, devemos ter em mente que a tradição “é uma boa palavra em si mesma [...]. Graças à tradição, as pessoas se salvam da tirania do momento e transcendem o tempo”[9]. Isto significa que na preservação da tradição recebida não somos feitos meninos levados por todo e qualquer vento de doutrina (Ef.4.14).
A tradição ou conjunto de verdades recebidas pela Igreja de Cristo tem sido descrita de diversas formas nas Escrituras:
Doutrina dos apóstolos: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.” (Atos.2.42).

Palavra da vida: reservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente.”(Fp. 2.16).
Forma de doutrina: “Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues;”(Gl.6.6)
Sã Palavras: “conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e no amor que há em Cristo Jesus.” 2 Timóteo 1.13-14

II – A IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL E A SUA RELAÇÃO COM OS SIMBOLOS DE FÉ DE WESTMINSTER

2. 1 – Do Ponto de vista Histórico:

A Igreja Presbiteriana do Brasil teve os seus primeiros passos para uma orgnaização eclesiástica quando o jovem pastor Ashbel Green Simonton “desembarcou no Brasil no dia 12 de agosto de 1859”[10], embora, sabemos que o presbiterianismo iniciou de fato de verdade no dia 22/04/1960 com uma escola dominical[11]. Todavia, a data e o ano de agosto tem prevalecido no presbiterianismo brasileiro.
Historicamente a Igreja presbiteriana do Brasil parece ter uma afinidade de defesa para com os símbolos de fé. Embora, o calvinismo trazido por Simonton seja de certa forma modificado pelo ponto de vista do avivalismo, é o calvinismo confessional de Westminster com relação a sua subcrição que está em foco aqui.
Na ordenação do primeiro pastor nacional Manoel José da Conceição “declarou aceitar a Confissão de Fé de Westminster e a forma de Governo da Igreja Presbiteriana”[12].  
Simonton ao abrir a Escola Dominical passou a ensinar o Catecismo. E o texto que ele costumava a usar eram: a Bíblia, O Catecismo de História Sagrada e o Progresso do Peregrino”[13]. E tinha a prática de uma vez por mês de pregar fazendo exposição de uma pergunta do breve catecismo Westminster . E o seu objetivo era de “preparar os crentes para defender-se dos ataques incrédulos”. Por isso, ele mesmo declarou: “estou fazendo o que está em mim para gravar este catecismo na memória de todos”[14]. A Igreja Presbiteriana do Brasil sempre ensinou e defendeu os símbolos de fé de Westminster como padrões confessionais da Igreja.

2.2 – Do Ponto de Vista Doutrinário.

Como Igreja estabelecida adotamos os símbolos de fé: Confissão, Breve Catecismo e Catecismo Maior de Westminster. Isto significa que doutrinariamente temos uma identidade. Isto é tão certo que algumas doutrinas são peculiares a nós presbiterianos. Do ponto de vista da doutrina nós cremos:

1.   Na Suficiência, autoridade e infalibilidade das Escrituras: No capítulo 1 de nossa Confissão somos ensinados que:
 foi servido ao Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar àquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna a Sagrada Escritura indispensável, tendo cessado aqueles antigos modos de Deus revelar a sua vontade ao seu povo. (WESTMINSTER, Cp. 1 Seção 1 – ênfase nossa)

No presbiterianismo não há lugar para revelações, pois, entende-se que aqueles antigos modos de Deus se revelar ao seu povo há muito tempo cessaram. Então, é inadmissível uma Igreja Presbiteriana com práticas de novas revelações, línguas profecias. Isto é negar a plenitude da revelação trazida por Cristo por meio de sua palavra, conforme nos ensina Hebreus 1.1-2: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.”

2. Na Soberania de Deus: Como presbiterianos confessionais devemos acreditar na soberania de Deus no que respeita os seus decretos absolutos sobre este mundo. A nossa Igreja crê e confessa a doutrina da Predestinação, eleição e reprovação; isto significa que o verdadeiro presbiteriano não acredita no livre-arbítrio do homem, mas crê que o homem está escravizado pelo pecado, e limitado pelo decreto absoluto de Deus em tudo o que faz em sua vida; ou seja, ele é morto espiritual, escravo do pecado, e age de conformidade com o projeto de Deus desde toda a eternidade. A nossa Confissão no terceiro capítulo 3 nos ensina:
Pelo decreto de Deus e para manifestação de sua glória, alguns homens e alguns anjos são assim predestinados para a vida eterna e outros preordenados para a morte eterna. Esses homens e esses anjos, assim predestinados e preordenados, são particular e imutavelmente designados; o seu número é tão certo e definido, que não pode ser aumentado ou diminuído. (WESTMINSTER, Cp.3, seções 3-4)

Isto significa que não há necessidade de teatros, de shows no culto para atrair pecadores para o reino, pois, apenas os eleitos hão de ser salvos, e o método bíblico de evangelismo é a proclamação do evangelho de Deus. Alguns textos nos ajudam a compreender este assunto: “conjuro-te, perante Deus, e Cristo Jesus, e os anjos eleitos, que guardes estes conselhos, sem prevenção, nada fazendo com parcialidade.”( 1 Timóteo 5.21) e Rm. 9.22-23; 2 Tm. 2.19.

3. No Batismo Infantil: É peculiar ao presbiterianismo confessar e defender o Batismo Infantil. Membros de Igrejas anti-pedobatistas ( contrárias ao Batismo Infantil ) quando nos conhecem como Presbiterianos logo tecem comentários negativos à prática bíblica do Batismo infantil; se somos presbiterianos somos defensores do Batismo Infantil conforme temos em nossa Confissão de Fé no capítulo 28 seção4. “não somente os que professam a fé em Cristo, mas também os seus filhos devem ser batizados”.
Esta é a nossa posição confessional sobre as crianças. Elas devem ser batizadas; é com tristeza que dizemos isso, mas muitos membros de nossas igreja não trazem seus bebês ao batismo sugerindo que esta doutrina é católica romana, mas não é, esta verdade é Bíblica fundamenta na teologia do pacto de Deus com Abraão (Gn.17.9-14) e confirmada por Paulo em Col.2.11-13.
2.3 – Do Ponto de Vista Constitucional.

A Igreja Presbiteriana tem identidade com os símbolos de fé de Westminster também do ponto de vista da sua constituição. No capítulo 1 da Constituição da IPB e no artigo 1: somos informados que a nossa Igreja é “uma federação de igrejas locais” , isto significa que não deve haver divergências entre as igrejas que estão nesta federação. A federatividade deve promover a unidade.
Mas ainda neste artigo 1 somos informados que a Igreja adota:
a. A sagrada Escritura como única regra de fé e prática (Antigo e o Velho Testamento): isto implica que na constituição assume-se o conceito de suficiência das Escrituras e Autoridade das mesmas.
b. E como sistema expositivo de doutrina e prática a sua Confissão de Fé e os Catecismos Maior e Breve.
Então, é inaceitável que muitos membros da nossa Igreja não queriam se submeter à autoridade e suficiência das Escrituras; e, que estes também não aceitem ou subscrevam os nossos símbolos de fé.
Os membros da Igreja deveriam pensar duas vezes antes de jogar fora os símbolos de fé. Para quê eles servem? Servem como muros que limitam, orientam e nos dão liberdade. Limitam quanto a abraçar toda e qualquer heresia; orientam qual o caminho correto tomar e oferecem a liberdade de pensar alicerçados em suas bases.
A constituição de nossa Igreja é mais severa para com os oficiais da Igreja. Especialmente os presbíteros docentes e regentes. Vocês tem a responsabilidade de zelar pela boa doutrina. E como podem fazer isso? Sustentando e defendendo a Confissão de Fé de Westmisnter. Pois, os símbolos de fé são a exposição das doutrinas de nossa Igreja.
No artigo 114 de nossa constituição há um alerta significativo para a ordenação de oficiais: “só poderá ser ordenado e instalado quem, depois de instruído, aceitar a doutrina, o governo e a disciplina da Igreja Presbiteriana do Brasil[...]”
Ao seminarista é outorgado a ele que, no final do curso, perante ao presbitério apresente uma tese – monografia – baseada em um capítulo ou seção da Confissão de Fé de Westminster conforme lemos no artigo 120 alínea b de nossa Constituição. Então, senhores e senhoras aqui presente, estamos diante de um desafio.
È um desafio à fidelidade. Os pastores e presbíteros de nossas Igrejas devem fazer valer os seus votos de ordenação. Pois, todos eles juraram ou jurarão que irão ensinar e defender as doutrinas que se encontram nos símbolos de fé; todavia, o que temos visto é que muitos deles chegam a fazer o juramento sem conhecer o conteúdo dos símbolos de fé, nunca leram os símbolos de fé; outros já abandonaram os símbolos de fé de Westminster.
Poderão ser depostos de seus ofícios por quebrar os votos de ordenação. Então, se há alguém aqui nesta noite que não conhece, que não concorda com nenhum ponto de nossa Confissão de Fé  lhe aconselho a pedir para ser exonerado do ofício, pois, não há algo tão terrível para a igreja de Cristo do que um líder que é infiel ao seu ofício. Que Deus nos ajude! Amém!.







REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AUSTEL, Hermann J. Shãma’ In: HARRIS, R.L. ed. Theological Wordbook of the Old Testament, 2a ed., Chicago: Moody Press, 1981, Vol. 2, pp.938-939.
CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER, São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1980.
COSTA, Herminsten Maia Pereira da. Teologia do Culto, São Paulo: PES, 1999.
_______, Eu crio – No Pai, no Filho e no Espírito Santo, São Paulo: Parakletos, 2002.
_______, A Inspiração e Inerrância das Escrituras – Uma Perspectiva Reformada, São Paulo: Cultura Cristã,1998.
LEITH, John. A Tradição Reformada – Uma maneira de ser a comunidade cristã, São Paulo: Pendão Real,1996.
MANUAL PRESBITERIANO, São Paulo: Cultura Cristã, 1999.
MARCARTHUR, JR., John. Os Carismáticos – Um Panorama Doutrinário, São Paulo: FIEL, 2002.
REVISTA OS PURITANOS – Confessando a Nossa Fé, Ano VI – Número 3 – julho a setembro, São Paulo: 1998.
ROBERTSON, O. Palmer. A Palavra Final – Resposta Bíblica à Questão das Línguas e Profecias Hoje, São Paulo: Os Puritanos, 1999
SIMÕES, Ulisses Horta. A Subscrição Confessional – Necessidade, Relevância e Extensão. Belo Horizonte: Efrata Publicações e Distribuição, 2002, p. 12-13

SPURGEON, Charles. A Maior Luta do Mundo, São Paulo: FIEL, 2006.
SCHWERTLEY, Braian M. Sola Scriptura e o Princípio Regulador do Culto, São Paulo: Os Puritanos: 2001.
UNTERMAN, Alan. Dicionário Judaico de Lendas e Tradições. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1992, p.242.





[1] Palestra proferida na 2ª Conferência Reformada na Igreja Presbiteriana em Ouro Preto – Olinda – PE . Tema Geral: Presbiterianismo – Doutrina e Identidade. Data desta Palestra: 22/10/2009.
[2] O autor é formado em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte. E Professor do Seminário Presbiteriano Fundamentalista do Brasil.
[3] CAMPOS, Heber C. In: SIMÕES, Ulisses Horta. A Subscrição Confessional – Necessidade, Relevância e Extensão. Belo Horizonte: Efrata Publicações e Distribuição, 2002, p. 12-13
[4] SIMÕES, Ulisses Horta. A Subscrição Confessional – Necessidade, Relevância e Extensão, p. 15-16.

[5] AUSTEL, Hermann J. Shãma’ In: HARRIS, R.L. ed. Theological Wordbook of the Old Testament, 2a ed., Chicago: Moody Press, 1981, Vol. 2, pp.938-939.

[6] UNTERMAN, Alan. Dicionário Judaico de Lendas e Tradições. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1992, p.242.
[7] COSTA, Herminsten Maia Pereira da. Teologia do Culto, p.19.


[8] BÜCHSEL IN: KITTEL, 1983, vol.2, pp.172-173
[9] LEITH, John. A Tradição Reformada – Uma maneira de ser a comunidade cristã, São Paulo: Pendão Real,1996, p.29
[10] LEITH, John. A Tradição Reformada – Uma maneira de ser a comunidade cristã, São Paulo: Pendão Real,1996. p. 84
[11] COSTA, Herminsten Maia Pereira da. Eu crio – No Pai, no Filho e no Espírito Santo, São Paulo: Parakletos, 2002. p.58
[12] Ibid, p.64
[13] Ibid, p. 65
[14] Ibid , p.67

domingo, 1 de março de 2015

O DIA DE CULTO

O DIA DE CULTO

Pr. João Ricardo Ferreira de França.

            O tempo do culto é algo que muitos de nós não levamos em consideração quanto estudamos a respeito da adoração pública. Porque caímos naquela ilusão de que todos os dias são para o senhor, e que toda reunião que realizamos no “templo” deve ser chamada de culto. Qualquer leitor, por mais desatento que seja, notará que essa concepção não está em harmonia com as Escrituras.
            Investigando a Palavra de Deus chegamos à conclusão que deve existir um dia para a reunião pactual do povo de Deus – este dia é o rei dos dias, é o “dia da feira da alma”.[1] O dia para o culto cristão é Domingo.
            A Confissão de Fé de Westminster declara-nos o seguinte sobre o domingo como dia de adoração:
VII. Como é lei da natureza que, em geral, uma devida proporção do tempo seja destinada ao culto de Deus, assim também em sua palavra, por um preceito positivo, moral e perpétuo, preceito que obriga a todos os homens em todos os séculos, Deus designou particularmente um dia em sete para ser um sábado (descanso) santificado por Ele; desde o princípio do mundo, até a ressurreição de Cristo, esse dia foi o último da semana; e desde a ressurreição de Cristo foi mudado para o primeiro dia da semana, dia que na Escritura é chamado Domingo, ou dia do Senhor, e que há de continuar até ao fim do mundo como o sábado cristão. (CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER, CAPÍTULO 21, SEÇÃO 7)

            Notemos que este dia é chamado de Sábado cristão, ou seja, o dia de descanso dos crentes é o domingo. É o dia em que a igreja se encontra com o senhor para cultuá-lo e celebrá-lo.
            Os dados bíblicos que fundamentam a nossa declaração de  fé são os seguintes:
a) Atos 20.7 – “No primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que devia seguir viagem no dia imediato, exortava-os e prolongou o discurso até à meia-noite.”  
            O texto nos informa que havia um propósito para a reunião dos irmãos neste solene que era a celebração eucarística.
b) 1ª Coríntios 16.2 – “No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for”.
            O texto traz a informação que os crentes deveriam demonstrar sua fraternidade para como os necessitados, então, contribuírem no ato litúrgico. Mas, há um texto onde este dia é chamado de “o dia do senhor”[2]- κυριακῇ ἡμέρᾳ - [Kyriakê hêméra] conforme aprendemos em Apocalipse 1.10: “Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta,”.
            A igreja recebeu o domingo como o dia memorial da obra redentora de Cristo (Mateus 28.1; Marcos 16.1ss; Lucas 24.1; João 20.1). “O dia do culto cristão é, portanto, um memorial da ressurreição de Cristo. Cada domingo é um dia de páscoa, em
que a igreja celebra o grande recomeço, a possibilidade de um futuro outro que não a morte [...] É um dia de triunfo e de liberdade.”[3] O resgate da história da salvação começa pelo resgate da celebração pascal que cada domingo nos oferece em sua realização litúrgica.



[1] PIPA, Joseph. O Dia do Senhor. Tradução: Hope Gordon Silva. Recife: Os Puritanos, 2000, 45-46.
[2] ALLMEN, J.J. Von. O Culto Cristão Teologia e Prática. Tradução: Dírson Glênio Vergara dos Santos. São Paulo: ASTE, 2006, p. 216.
[3] ALLMEN, J.J. Von. O Culto Cristão Teologia e Prática. Tradução: Dírson Glênio Vergara dos Santos. São Paulo: ASTE, 2006, p. 219.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

A ORIGEM DA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER


A ORIGEM DA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER
Prof. Rev. João Ricardo Ferreira de França.
Introdução:
Falar sobre a confessionalidade em nossos dias tornou-se algo ultrapassado, algo de um tempo tão distante que parece ser totalmente irrelevante. Muitos presbiterianos desconhecem sua identidade bíblico-teológica. Boa parte desta ignorância se dá pelo simples fator de não conhecer a história da igreja. Isso abarca todos os crentes e de modo particular os presbiterianos. Como alguém acertadamente disse:
Todavia, ocorre que muitos presbiterianos ignoram a sua identidade, não sabem exatamente o que são, como indivíduos e como igreja. Não conhecendo suas origens – históricas, teológicas, denominacionais [...] muitas vezes quando questionados por outras pessoas quanto as suas convicções e práticas, sentem-se frustrados com sua incapacidade de expor de modo coerente e convincente as suas posições[1]  
            Isso é percebido na falta de conhecimento que muitas de nossas igrejas tem da Confissão de Fé de Westminster e dos catecismos maior e breve. Este breve estudo visa apresentar de modo geral, também lacônico, a história da nossa Confissão de Fé.
I – ANTECEDENTES HISTÓRICOS DA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER.
1.1  – A Inglaterra Católica:
A Inglaterra havia sido católica Romana até o ano 1534. Mas, o rei Henrique VIII rompeu com essa tradição, e assim criou a Igreja Nacional da Inglaterra conhecida como Igreja Anglicana. Desta feita o rei passou a ser o líder supremo da Igreja, embora houvesse esse rompimento esta igreja nacional ficou com a teologia católica romana como expressão de sua fé.
No ano de 1547 morre HenriqueVIII, e sobe ao trono o seu filho Eduardo VI que só “tinha nove anos”[2]. Ele sob a influência de seu tio o duque de Somerset que era simpatizante do protestantismo. Fez com que Eduardo implantasse reformas significativas na Igreja da Inglaterra, entre muitas citamos algumas: “começou-se a administrar a Ceia de ambas as espécies [ o vinho dado aos leigos, ao povo], permitiu-se o matrimônio do clero, e foram retiradas as imagens das igrejas”.[3]No avanço da teologia da reforma protestante na Inglaterra foi a elaboração, sob a liderança de Thomas Cranmer, dois importantes documentos, ambos influenciados “pela teologia calvinista: Os Trinta e Nove Artigos e o Livro de Oração Comum. Várias outras reformas foram realizadas, tendo-se a impressão de que a fé protestante iria triunfar.Todavia, a morte prematura do jovem rei, em 1553, interrompeu bruscamente este processo”.[4]
Após a morte de Eduardo VI sobe ao poder a sua meia-irmã chamada Maria Tudor [ conhecida como Maria, a sanguinária] católica romana de devoção desejou levar a Igreja da Inglaterra de volta para Igreja Católica Romana. Muitos líderes religiosos foram mortos, incluindo o Cranmer, na fogueira por serem protestantes. E muitos outros foram exilados ou expulsos da Inglaterra, uma boa porte destes foram para  a cidade de Genebra na Suiça, onde o reformador João Calvino tinha grande influência e ensinava a Palavra de Deus. E muitos destes ingleses absorveram os ensinos da fé reformada, depois, de um longo tempo, após a morte de Maria Tudor, sobe ao trono inglês Elizabete para um longo reinado de 45 anos – ela tinha inclinações protestantes. Logo após ela concedeu permissão aos protestantes exilados de retornar para a Inglaterra.
1.2 – Os Puritanos: Os Pais da Confissão de Fé de Westminster.
Neste processo todo surgiu um movimento que era apegado à teologia Calvinista. Eles queriam uma igreja pura, um estado puro e um culto puro. Daí eles foram pejorativamente chamados depuritanos. Um escritor lembra-nos que “o Puritano não podia mais ficar satisfeito com uma igreja [ a Igreja da Inglaterra] parcialmente reformada, mas desejava uma Igreja plenamente Reformada”[5]
O que é o puritanismo? “O puritanismo foi parte do movimento da Reforma Protestante na Inglaterra [...] começou especificamente como um movimento especificamente eclesiástico [...] ‘começou com uma reforma litúrgica, mas desenvolveu-se numa atitude distinta em relação à vida’”.[6]Lloyd-Jones nos diz “o puritanismo verdadeiro, eu sustento, se acha ultima e finalmente no presbiterianismo”[7].

II – A ASSEMBLEIA DE WESTMINSTER.

            Após a morte de Elisabete, Tiago VI da Escócia,  filho de Maria Stuart, educado como presbiteriano na Escócia, tornara-se Tiago I da Inglaterra – todavia, queria manter um sistema episcopal eclesiástico, e assim, decepcionando os puritanos. Tiago foi sucedido por seu filho Carlos I.
            Carlos I era um católico romano decidido. Ele desejava tornar a Igreja da Escócia e da Inglaterra a se tornar uma igreja governada pelos bispos [ e assim destruir a noção presbiteriana da Escócia]. Carlos I se tornou alvo dos escoceses que se uniram aos Ingleses e derrotaram o rei.
            O Parlamento Inglês decidiu convocar uma Assembleia para tratar das questões pertinentes ao culto, à teologia,  e ao governo da Igreja da Inglaterra. Foram convocados 121 teólogos. “As pessoas destinadas a constituir essa Assembleia eram citadas na convocação, e compreendiam a flor da Igreja naquela época”.[8]
            É bom lembrar que inicialmente “a assembleia recebeu a incumbência de revisar os Trinta e Nove Artigos da Igreja da Inglaterra a fim de remover quaisquer vestígios de arminianismo ou catolicismo romano”.[9]
            A Assembleia de Westminster iniciou seus trabalhos  na “majestosa abadia com esse nome, em Londres, no dia 1º de julho de 1643, e continuou em atividade durante cinco anos e meio”.[10]
            Os documentos produzidos nesta distinta Assembleia foram os seguintes: 1. A Confissão de Fé; 2. O Catecismo Maior & Breve  3. O Diretório de Culto; 4. Forma de Governo Eclesiástico e ordenação; 5. O Saltério. Esses documentos molduram para nós o pensamento, a teologia e a piedade presbiteriana.
III – ORGANIZAÇÃO TEOLÓGICA DA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER.
            A forma como a Confissão de Fé de Westminster foi escrita e organizada, mostra a mente sistematizadora dos puritanos para com as doutrinas bíblicas da palavra de Deus. Seguindo um todo harmônico eles colocaram de forma ordeira e sistemática toda a doutrina bíblica na confissão. Esse sistema, sumarizado em capítulos, pode se colocado de modo prático como segue abaixo:[11]
Como posso saber com certeza qual é a verdade suprema?
“Das Sagradas Escrituras”
Existe uma Fonte suprema da verdade?
“De Deus e da Santíssima Trindade ”
Há Alguém no Controle do Mundo?
“Dos Decretos Eternos de Deus”
“Da Criação”
“Da Providência divina”
Se existe um Deus, então por que...?
“Da queda do homem, do pecado e do seu castigo”
Existe alguma esperança?
“Do pacto de Deus com o homem”
“De Cristo, o Mediador”
“Do livre-arbítrio”
“Da Vocação Eficaz”
“Da Justificação”
“Da Adoção”
“Da Santificação”
“Da fé salvadora”
“Do arrependimento para a vida”
“Das boas Obras”
“Da perseverança dos Santos”
“Da certeza da graça e da salvação”

Então como devo viver?
“Da lei de Deus”
“Da liberdade cristã e da liberdade de consciência”
“Do culto religioso e do domingo”
“Dos juramentos e votos legais”
Qual deve se a minha relação com os outros?
“Do magistrado civil”
“Do matrimônio e do divórcio”
“Da Igreja”
“Da comunhão dos santos”
Como Deus lidera seu povo hoje?
“Dos sacramentos”
“Do batismo”
“Da Ceia do Senhor”
“Das censuras eclesiásticas”
“Dos sínodos e concílios”
Para onde estou indo?
“Do estado do homem depois da morte e da ressurreição dos mortos”
“Do juízo final”.

Conclusão:
            Este breve histórico é uma introdução primária à identidade presbiteriana ligada a confessionalidade da nossa Igreja. Esta série de estudos tem como objetivo traze à lume estas verdades sistematizadas pela Confissão de Fé de Westminster, mostrando assim, os laços de unidade doutrinária que temos com o presbiterianismo mundial.




[1] NASCIMENTO, Adão Carlos.  & MATOS, Alderir de Sousa.  O que todo Presbiteriano Inteligente  deve Saber, São Paulo: Socep, 2007, p.9
[2] CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. Tradução: Israel Belo de Azevedo & Valdemar Kroker. São Paulo: Vida Nova, 2008, p.299.
[3] GONZÁLEZ, Justo L. História Ilustrada do Cristianismo. Tradução: Itamir Neves de Souza. São Paulo: Vida Nova, 2011, volume 2, p. 75.
[4] NASCIMENTO, Adão Carlos.  & MATOS, Alderir de Sousa.  O que todo Presbiteriano Inteligente  deve Saber, São Paulo: Socep, 2007, p 67-68.
[5] LLOYD-JONES, David Martyn. O Puritanismo e suas origens. São Paulo: PES, p.30
[6] RYKEN, Leland. Santos no Mundo – Os Puritanos como Realmente Eram. São Paulo: FIEL, 1992, p.22.
[7] LLOYD-JONES, David Martyn. O Puritanismo e suas origens. São Paulo: PES, p.33
[8] HODGE, Alexander A. Confissão de Fé de Westminster Comentada. Tradução: Valter Graciano Martins. São Paulo: Os Puritanos, 2010, p.41.
[9] LUCAS, Sean Michael. O Cristão Presbiteriano – Convicções, Práticas e Histórias. Tradução: Elizabeth Gomes. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p. 126.
[10] NASCIMENTO, Adão Carlos.  & MATOS, Alderir de Sousa.  O que todo Presbiteriano Inteligente  deve Saber, São Paulo: Socep, 2007, p 67-68.
[11] KENNEDY, D. James. Como é Deus – Verdades Transformadoras sobre um Deus Imutável. Tradução: Josué Ribeiro. São Paulo: Cultura Cristã, 2000,23-24.