O DIA DE CULTO
Pr. João Ricardo Ferreira de França.
O tempo do culto é algo que
muitos de nós não levamos em consideração quanto estudamos a respeito da
adoração pública. Porque caímos naquela ilusão de que todos os dias são para o
senhor, e que toda reunião que realizamos no “templo” deve ser chamada de
culto. Qualquer leitor, por mais desatento que seja, notará que essa concepção
não está em harmonia com as Escrituras.
Investigando a Palavra de Deus chegamos à conclusão que
deve existir um dia para a reunião pactual do povo de Deus – este dia é o rei
dos dias, é o “dia da feira da alma”.[1]
O dia para o culto cristão é Domingo.
A Confissão de Fé de Westminster declara-nos o seguinte
sobre o domingo como dia de adoração:
VII. Como é lei da natureza que, em geral, uma devida
proporção do tempo seja destinada ao culto de Deus, assim também em sua
palavra, por um preceito positivo, moral e perpétuo, preceito que obriga a
todos os homens em todos os séculos, Deus designou particularmente um dia em
sete para ser um sábado (descanso) santificado por Ele; desde o princípio do
mundo, até a ressurreição de Cristo, esse dia foi o último da semana; e desde a
ressurreição de Cristo foi mudado para o primeiro dia da semana, dia
que na Escritura é chamado Domingo, ou dia do Senhor, e que há de continuar até
ao fim do mundo como o sábado cristão. (CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER,
CAPÍTULO 21, SEÇÃO 7)
Notemos que este dia é chamado de Sábado cristão, ou
seja, o dia de descanso dos crentes é o domingo. É o dia em que a igreja se
encontra com o senhor para cultuá-lo e celebrá-lo.
Os dados bíblicos que fundamentam a nossa declaração
de fé são os seguintes:
a) Atos 20.7 – “No primeiro dia da semana, estando nós
reunidos com o fim de partir o pão, Paulo, que devia seguir viagem no dia
imediato, exortava-os e prolongou o discurso até à meia-noite.”
O texto nos informa que havia um propósito para a reunião
dos irmãos neste solene que era a celebração eucarística.
b) 1ª Coríntios 16.2 – “No primeiro dia da semana, cada um de
vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para
que se não façam coletas quando eu for”.
O texto traz a informação que os crentes deveriam
demonstrar sua fraternidade para como os necessitados, então, contribuírem no
ato litúrgico. Mas, há um texto onde este dia é chamado de “o dia do senhor”[2]-
κυριακῇ ἡμέρᾳ - [Kyriakê hêméra]
conforme aprendemos em Apocalipse 1.10: “Achei-me em espírito, no dia do
Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta,”.
A igreja recebeu o domingo como o dia memorial da obra
redentora de Cristo (Mateus 28.1; Marcos 16.1ss; Lucas 24.1; João 20.1). “O dia
do culto cristão é, portanto, um memorial da ressurreição de Cristo. Cada
domingo é um dia de páscoa, em
que a igreja celebra o
grande recomeço, a possibilidade de um futuro outro que não a morte [...] É um
dia de triunfo e de liberdade.”[3]
O resgate da história da salvação começa pelo resgate da celebração pascal que
cada domingo nos oferece em sua realização litúrgica.
[1] PIPA,
Joseph. O Dia do Senhor. Tradução:
Hope Gordon Silva. Recife: Os
Puritanos, 2000, 45-46.
[2]
ALLMEN, J.J. Von. O Culto Cristão
Teologia e Prática. Tradução: Dírson Glênio Vergara dos Santos. São Paulo:
ASTE, 2006, p. 216.
[3] ALLMEN,
J.J. Von. O Culto Cristão Teologia e
Prática. Tradução: Dírson Glênio Vergara dos Santos. São Paulo: ASTE, 2006,
p. 219.